Nos últimos anos, a área da saúde tem passado por transformações tecnológicas significativas, levando a debates acalorados sobre a “uberização” dos profissionais de saúde. Algumas empresas veem esse modelo como o futuro, enquanto outras levantam preocupações sobre a qualidade do atendimento, a falta de continuidade do cuidado e a despersonalização dos pacientes.
O Fenômeno da Uberização
A “uberização” na saúde é caracterizada pela prestação de serviços por meio de plataformas digitais. Esse modelo, que já existia sob a forma de redes credenciadas, tornou-se mais evidente com a digitalização. No sistema de pagamento por atendimento (fee-for-service), aliado a metas de produtividade, há o risco de priorizar a quantidade em detrimento da qualidade, comprometendo a segurança e a eficácia dos tratamentos.
Desafios do Modelo Atual
Nesse modelo, não há espaço para a criação de vínculos duradouros entre profissionais de saúde e pacientes. Os atendimentos são pontuais e pouco personalizados, o que pode levar a consultas repetidas e diagnósticos divergentes. A falta de continuidade no cuidado incentiva a busca por uma segunda opinião, complicando ainda mais a eficácia do tratamento.
Tecnologia como Aliada
Apesar das desconfianças, a tecnologia pode ser uma aliada valiosa na humanização dos atendimentos, quando utilizada de forma ética. Plataformas que combinam a expertise humana com a inteligência artificial podem oferecer um cuidado personalizado e contínuo. Por exemplo, através de mensagens no WhatsApp, pacientes podem acessar informações sobre sua saúde, esclarecer dúvidas e receber orientações básicas.
Inteligência Artificial na Saúde
Outra tendência é o uso de modelos de inteligência artificial generativa para simular interações humanas e aprimorar as habilidades de comunicação dos profissionais de saúde. Esses modelos podem ser treinados com base em dados reais de consultas, permitindo que os profissionais pratiquem e melhorem suas interações de forma segura.
Aumento dos Pontos de Contato
O ambiente digital facilita o acesso a uma equipe de saúde de referência, aumentando os pontos de contato entre pacientes e profissionais. Mais interações geram mais dados, que podem ser utilizados para personalizar o cuidado de forma eficiente e segura. No modelo human-in-the-loop, os profissionais de saúde atuam como curadores do conteúdo produzido pela IA, garantindo que as recomendações sejam supervisionadas e refinadas por humanos.
A Importância da Empatia
A tecnologia, por si só, não garante a humanização dos atendimentos. Ela deve ser combinada com práticas que valorizem a empatia, a escuta atenta e o acolhimento, criando uma experiência centrada no paciente. É fundamental estabelecer diretrizes claras para o uso da tecnologia na saúde, garantindo a privacidade e a segurança das informações dos pacientes.